domingo, 10 de maio de 2009

Oswaldo Montenegro




Bandolins
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro


Como fosse um parque
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse

Ao som dos Bandolins...
E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais


Se ela apertava assim...
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins...




Entre uma Balada e um Blues
Oswaldo Montenegro


Quando os bichos dançam com as fadas

Entre uma balada e um blues

A paixão cai da madrugada lá do céu escorrem azuis

Pingam luas, gotas aladas

Entre uma balada e um blues

No repouso das cavalgadas quando a noite abranda essa luz

No caloor das mãos apertadas reconforta a mão que conduz

Um amor dos contos de fadas

Entre uma balada e um blues

Quando os bichos dançam com as fadas

Entre uma balada e um blues

Da paixão cai da madrugada lá do céu escorrem azuis

Pingam luas, gotas aladas

Entre uma balada e um blues

No repouso das cavalgadas quando a noite abranda essa luz

Do calor das mãos apertadas reconforta a mão que conduz

Um amor dos contos de fadas

Metade

Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito Não me tape os ouvidos e a boca Porque metade de mim é o que eu grito Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada Mesmo que distante Porque metade de mim é partida Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor Apenas respeitadas Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos Porque metade de mim é o que ouço Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora Se transforme na calma e na paz que eu mereço E que essa tensão que me corrói por dentro Seja um dia recompensada Porque metade de mim é o que pensoMas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso Que eu me lembro ter dado na infância Por que metade de mim é a lembrança do que fui A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria Pra me fazer aquietar o espírito E que o teu silêncio me fale cada vez mais Porque metade de mim é abrigo Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta Mesmo que ela não saiba E que ninguém a tente complicar Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer Porque metade de mim é a platéia A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada Porque metade de mim é amor E a outra metade também.

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