terça-feira, 8 de setembro de 2009

Deus, religião e o sentimento religioso em Freud

"Há muito tempo atrás, ele [o homem] formou uma concepção ideal de onipotência e onisciência que corporificou em seus deuses. A estes, atribuía tudo que parecia inatingível aos seus desejos ou lhe era proibido. Pode-se dizer, portanto, que esses deuses constituíam ideais culturais". – Freud (1929)
A religiosidade perpassa ao longo do processo de desenvolvimento das civilizações. Todas as religiões passam por diversas fases e conflitos, nem todas as perguntas têm em si as respostas imediatas, entretanto, tais idéias são difundidas pela civilização como um bem precioso.
Suas idéias são altamente valorizadas ao longo do tempo enquanto condição para o mais alto grau do bem-estar. A “Palavra de Deus” carrega em si, para o religioso, as condições para a conquista de riquezas, dos proventos, da cura para as doenças e os males, dentre outros desejos que a civilização não pode satisfazer.
A explicação que Freud dá ao sentimento religioso decorre do desamparo na qual o indivíduo é dotado ao nascer em um mundo que lhe parece estranho, hostil e cheio de enigmas, da existência à própria morte. O desamparo infantil decorre dos conflitos e dúvidas quanto as garantias sobre o existir e o futuro. Em Freud, tal desamparo também é o motor da civilização, uma vez que esta nasce na tentativa de diminuir o desamparo do homem diante das forças da natureza, dos enigmas da vida e da própria morte.
Decorre daí que o indivíduo tem um sentimento quanto à proteção, uma necessidade de um pai protetor que lhe trará um apazigüamento do temor, buscando indicar as soluções para dominar o desconhecido. A esse sentimento que estaria ligado à gênese do ideal de
Eu, Freud denominou de “sentimento oceânico”, isto é, a relação do ser humano com um ser infinito, absoluto e abstrato. Outra discussão se faz necessária para explicar o sentimento religioso em Freud, a questão da civilização.
A análise de Freud para a questão da humanidade é de longe um quadro do terror. Porém, é no meio dessas trevas que Freud estabelece as bases para explicar os conflitos humanos, o sofrimento psicológico e a constituição do indivíduo. Em Freud a vida é sofrimento e viver é sofrer, tal como em Schopenhauer.
Ela nos proporciona muitas decepções e tarefas difíceis de suportá-la. Há 3 maneiras principais de experimentar o sofrimento: o advindo da decadência do nosso próprio corpo condenado à dissolução (morte); do mundo externo quando entramos em conflitos (imposições e regras culturais) e o último, advindo do nosso relacionamento com o outro. Relacionamento é desgastoso a qualquer um, traz uma série de conflitos e dissabores, no entanto, é uma faca de dois gumes, pois também é através dos relacionamentos que constituimos nossa subjetividade.
Apresentado o propósito da vida, a busca do prazer em detrimento do desprazer, verifica-se que o programa do
princípio do prazer está em desacordo com o mundo, tanto quanto ao macrocosmo como o microcosmo. A cultura é a grande vilã e a vida em sociedade só é possível com o estabelecimento de regras, o que necessariamente causará confrontos com os desejos individuais.
As possibilidades de felicidade já são condenadas pela nossa própria constituição. Ela é restrita e sua manifestação é passageira. A felicidade intensa e prolongada não existe em Freud, nos comportamos de modo que só podemos experimentar prazer intenso em contraste: amor – indiferença; alegria – tristeza; gostar – odiar, etc.
O ceticismo é fundamental na psicanálise freudiana. Coloca-se um dilema, de um lado reconhece que o estado anterior à civilização é ruim por conduzir à barbárie (lei do mais forte); de outro, a civilização nos cobra um preço elevado para tornar viável a vida em sociedade, este preço é a renúncia dos prazeres e desejos individuais por outros mais conciliatórios com a coletividade.
O ser humano está aprisionado, porém, Freud não é um pessimista, deixou a psicanálise para ajudar o homem a conseguir formas mais conciliatórias com as restrições impostas pela civilização. Para citar um exemplo qualquer, o amante que experimenta os dissabores de um relacionamento não correspondido, não pode imputar danos à amada, agredí-la ou puní-la, se o fizer, isso terá um custo a ser pago, poderá sofrer as sanções da Lei. Mas esse sujeito pode encontrar na arte, na música ou na escrita, uma expressão satisfatória dos seus desejos reprimidos.
A gênese dos deuses e das religiões em Freud
Diante do dilema da vida colocada por Freud, cada civilização construiu os deuses à sua imagem e semelhança espelhadas nos idealimos dos desejos coletivos. Coube aos deuses a tarefa de remediar os conflitos dos homens e aplicar sofrimentos àqueles que afligem o próximo e, também, prover uma recompensa para àqueles considerados “merecedores”. Nenhum deus nasce de uma religião, mas toda religião nasce de um deus, ou vários.
A religião tem a função de separar os que crêem em um deus em específico e criar as regras e o moralismo que irão configurar à doutrina. – Eis o nascimento de um repertório de dogmas, produto da necessidade do homem em tornar tolerável o seu sofrimento e sua fraqueza diante da Natureza. É nesse sentido que todas as religiões – independente de seus princípios – têm dois extremos comuns enquanto objetivo final e separação dos merecedores dos não merecedores: uma alternativa que traga um novo início depois do fim enquanto recompensa (vida depois da morte) e um castigo àqueles que não foram condizentes com os princípios da doutrina.
Certamente que as idéias religiosas passam por um longo processo de desenvolvimento em diversas fases. Em muitas das fases ocorrem conflitos de idéias que resulta na dissolução de uma religião em duas ou mais vertentes, por exemplo, o Catolicismo que na divergência de idéias acabou se dividindo em várias vertentes: os luteranos, calvinos, anglicanos…etc. No Brasil é marcante as diversas segmentações do Cristianismo através dos cristãos, assembleianos, pentecostais, evangélicos…etc. No entanto, as idéias religiosas transmitidas ao longo das civilizações adquirem um valor altamente precioso nas sociedades formadas.
Toda doutrina religiosa é incapaz de provas, ou você acata as idéias enquanto verdadeiras e acredita, ou não acredita. Para Freud, quando indagamos a autencidade de um dogma, nos deparamos com três respostas possíveis: 1) os ensinamentos merecem à crença porque os antepassados já acreditavam; 2) levanta-se “provas” de tais ensinamentos transmitidos pelos antepassados – obviamente que a prova é aquela baseada na fé ou no criacionismo; 3) é totalmente proibido questionar a autencidade da prova. Nesse último, reside a mais alta sustentação da religião.
Freud explica a questão da manutenção dos dogmas pela internalização desde a infância, dos ensinamentos e dogmas religiosos. A criança em sua constituição aprende desde cedo que questionar a existência de um deus é extremamente punitivo.
Trazendo a discussão para o mundo ocidental, tomando o Cristianismo como exemplo, se a criança pergunta aos pais onde está
Deus ela irá receber várias respostas: “está no seu coração”; “na sua alma”; “no seu espírito”; “está no céu olhando todos nós”. Em uma pergunta surgem várias outras dúvidas, nenhuma delas satisfará enquanto prova autêntica para a compreensão da realidade pela criança.
Na medida em que tais questionamentos irão sendo prolongados quando a criança se depara com os conflitos gerados pelo encontro dos seus ideias de mundo com a realidade, serão duramente reprimidos pelos pais e pela cultura, uma vez que esta estabelece que ter uma religião é uma condição normal, anormal é quem não tem.
Em épocas passadas os exemplos de como eram punidos tais presunções são violentos, hoje, com muito otimismo podemos dizer que a civilização olha com desconfiança para quem coloca uma idéia religiosa em dúvida.
Considerações finais:
Este breve exposto não teve as pretensões de esgotar o assunto, tais considerações são antes de tudo uma possível explicação através do pensamento social de Freud para à existência do sentimento religioso do que uma concepção hermética do assunto.
Felizmente as chamas das fogueiras da Inquisição há muito tempo se apagaram. Os ateus e os céticos conseguiram destruir muitas mordaças. Entendo que apontar o dedo para um religioso e tentar criticá-lo por apelar ao sobrenatural não é direito nosso, assim como o oposto também não é. O próprio Freud admite que é insensato tentar eliminar a religião pela força, por um só golpe.
Tal presunção é irrealizável e se fosse, seria crueldade. Apontado por Freud, “Um homem que passou dezenas de anos tomando pílulas soporíferas, evidentemente fica incapaz de dormir se lhe tiram sua pílula. Que o efeito das consolações religiosas pode ser assemelhado ao de um narcótico (…)”, porque concetraríamos nossas forças em acusações aos religiosos? – Façamos diferente.
Questões como para onde vamos, de onde viemos, como foi criado o mundo entre outros enigmas, ainda resistem às explicações do criacionismo. Entendo que tais questões não ajudam a avançar e jamais terão explicações empíricas, quando muito modelos mais próximos da realidade –
teoria do Big Bang – do que a lenda de Adão e Eva.
O Velho Mundo ficou na história, muitos deuses e demônios já foram enterrados, outros foram criados e ainda outros ressuscitados, mas ainda há muito mais trevas. A Ciência já expulsou muita escuridão, mas ainda é uma luz de vela que nos traz um pouco de sentido diante do desconhecido. Lutemos para que tais luzes sejam ampliadas e não se apaguem.
À partir das bases filosóficas e científicas apontemos a espada na face dos deuses perversos e seus demônios, seus métodos de punição e principalmente, nos pregadores – empresários de deus na Terra – e nas religiões, instituições estas que criam condições de alienação e conformismo, aprisionando a existência no pernicioso moralismo. Façamos nossa parte, pois do outro lado os escritos sagrados estarão lutando para arrebatar cada vez mais vidas e trancafiá-las nos calabouços do absoluto, condenando os estéreis de fé a se estribarem no tridente de satanáz.
Bibliografia básica:
O futuro de uma ilusão – Freud (1927)
O mal-estar na civilização – Freud (1929)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ditados populares

“É de menino que se torce o pepino”. “Filho de peixe, peixinho é”. “Dar murro em ponta de faca”.
São tantos os ditados populares ... puras expressões do nosso emocional. Coisas que fazemos mas que não sabemos explicar porque. Coisas que não conseguimos mudar e então dizemos: - “É mais forte do que eu!”. Que força é essa que é mais forte do que nós mesmos? Que parte é essa do nosso psiquismo que toma conta da gente e que faz com que sejamos o cavalo e não o cavaleiro? Que nos conduz ao invés de conduzirmos?
A psicanálise explica alguns desses ditados através de sua teoria do inconsciente humano. Quando nascemos, a nossa personalidade está em formação, e para tudo “dar certo” no desenvolvimento emocional, precisamos ter uma boa estrutura familiar: mãe e pai presentes, educando adequadamente - isto significa que os genitores devem ser fortes e firmes, porém carinhosos e atentos. Segundo Freud, esta formação da personalidade se dá até aproximadamente os 5 anos de idade, ou seja: “É de menino que se torce o pepino”.
Como para formar nossa personalidade, precisamos de algumas pessoas que nos sirvam de modelos, que tal se esses modelos forem nossos pais, já que são as pessoas que temos mais contato na infância? E aí entra o ditado: “Filho de peixe, peixinho é”, para provar que inconscientemente pegamos características desses pais, sem que isso seja uma escolha, pois se assim o fosse, pegaríamos só o que há de melhor de cada um deles. Mas como todos nós, incluindo nossos pais, temos qualidades e defeitos, o “pacote” vem completo, com características positivas e negativas, já que todos somos humanos.
E se agimos inconscientemente para formar a nossa personalidade, por que agiríamos diferente quando adultos? Somos “viciados” em agir inconscientemente porque não crescemos emocionalmente, o que só acontece com o processo de auto-conhecimento da análise. Por isso às vezes não compreendemos porque caímos sempre com o mesmo tipo de chefe, ou com namorados casados, ou com esposas que nos tratam como filhos. Parece que “atraímos” algum tipo específico de situação para a nossa vida e ficamos constantemente “Dando murro em ponta de faca”, vivendo uma situação que não conseguimos mudar. Na verdade, se não há crescimento emocional, não há um “viver dentro da realidade” e saber escolher o que é bom e ruim, e sim um “atrair as pessoas de acordo com as experiências que tivemos na infância”, que é o registro que fica gravado no inconsciente.
Taís Ranali de Carvalho Pinto -Psicanalista e Presidente da SPP

A difícil arte de viver


A vida do ser humano a cada dia parece estar mais difícil, complicada e sofrida; grande parte dos seres humanos não está vivendo, simplesmente luta para sobreviver. A cultura da destruição e da morte fez da vida algo irreal, contudo, os Grandes Mestres de todos os tempos sempre ensinaram que Deus, a Grande Força Criadora Universal, não importa muito o rótulo que Ihe damos, está dentro de cada um e, assim sendo o sagrado e o divino habitam no interior de todos nós.

Se acreditamos neste principio não tem Iógica o tipo de vida que vivemos totalmente voltada para as coisas materiais, para os prazeres e a destruição.
Quando falo em sagrado e divino não estou me referindo a uma religião e, sim à Força que habita em cada átomo , molécula , célula , em cada corpo , em cada ser . Essa Força foi a responsável por toda a Criação e ainda está além da nossa imaginação que, por incapacidade mental, não conseguiu ainda desvendar os grandes mistérios da vida e da criação universal.
Numa palestra em novembro de 1985 disse J. Krishnarnurti aos presentes:
"Se não houver nenhuma mudança agora, os senhores serão exatamente os mesmo que eram antes... A humanidade tem medo, mágoa, dor, ansiedade, lágrimas, insegurança, confusão. Coisas a que todo ser humano na terra estão sujeito, e os senhores são como os outros. Portanto, os senhores não são indivíduos. Eu sei que o meu corpo é diferente do seu - a senhora é mulher, e eu sou homem. Mas estamos no mundo como uma unidade. Quando esse relacionamento é sentido, o senhor é o resto da humanidade. Então, ocorre algo totalmente diferente, não apenas palavras, imaginações, mas o sentido disso, a imensidão disso."'
Através da canalização, recentemente o Mestre Hilarion2 disse:
"Nos dias de hoje a coisa mais fácil é morrer, o difícil é viver. Hoje se pratica o culto à morte e não à vida, isto está patente nas ações destruidoras do próprio homem por todo o planeta."
Apesar dos avanços da ciência e do homem ter colocado os pés na Lua, apesar da liberdade política e religiosa, da multiplicação das religiões, crenças e filosofias de vida o ser humano continua a não saber, verdadeiramente, o que é o grande mistério mágico vida.
A vida deveria ser como uma obra de arte, onde a alma é o artista, a personalidade a argila. Através da ação energética de suas mãos, de sua força, a alma deveria moldar a argila à sua imagem e semelhança para que pudesse surgir à consciência de todos os homens. A alma é o verdadeiro Anjo, o Filho da Luz, do Sagrado e do Divino.
Mas, os sistemas vigentes no mundo não trazem para o homem o Anjo da Vida, da Criação e da Luz e sim, o da destruição, da miséria, da fome, da mentira, da morte e das trevas, fruto do mal que tem saído de todas as mentes e todos os corações humanos.
- Então, o que estamos fazendo de nossas vidas?
Está chegando o momento de cada um questionar a si próprio e encontrar suas respostas
Em nossos tempos a vida desceu a uma cotação tão baixa que até as crianças e jovens estão matando como se isto fosse uma coisa normal.
Muitas vidas são tiradas por causa de uma simples discussão de transito ou por conta de um roubo de quantias insignificantes. Jesus foi trocado por 30 moedas de prata, segundo a Biblia.3 Hoje, a vida do homem nem 30 moedas de prata está valendo.
- 0 que se passa com a humanidade que só quer consumir e destruir ? Onde fica o " amai-vos uns aos outros " e a verdadeira fraternidade universal ?
As religiões, crenças e filosofias de vida estão sendo impotentes para levar à consciência e à mente do homem que a vida é sagrada e divina, não só a vida do homem como também a vida do animal, da arvore, da agua, do ar e do planeta.
Estamos matando todos os tipos de vida do planeta sem a menor consideração e respeito a elas. Estamos aniquilando o que é verdadeiramente sagrado e divino e o que é mais incrível, em nome do progresso e da evolução da humanidade.
- Mas que progresso e que evolução? Da morte? Da destruição? Do caos?
- Será que podemos nos chamar de civilizados enquanto deixarmos crianças matarem e serem assassinadas, que mães abandonam seus filhos dentro de sacos de lixo?
O homem se apoderou de tudo como sua propriedade, mas tudo o que é material tem um único "dono", o planeta, a Terra, que é uma Obra das Forças Divinas e Sagradas e que na nossa época muitos chamam de Deus. Todos chegamos a este mundo nus, sem conta bancária, nem cartão de crédito e saímos dele deixando aqui todos os valores materiais ; o que levamos para o outro lado da vida são nossas obras e realizações, sejam elas positivas ou negativas e o verdadeiro amor.
As culturas religiosas, principalmente as ocidentais, utilizando o imaginário humano, levaram o homem a precisar de um pedaço de barro, de madeira, uma imagem de um santo, anjo, mestre, livro, cristal, vela, algo que Ihe fizesse sentir o sagrado e o divino. Deste modo, ele tem fé naquilo mas o que é verdadeiramente sagrado e divino e está dentro dele próprio continua jogado na lata de lixo.
o ser humano não se limitou à matança de seus semelhantes4, também está matando a natureza, poluindo o ar e a água, necessários para sua vida, e com isso esta traçando um futuro muito pior para toda a humanidade e para o planeta Terra.
Ao olhar para o universo, a natureza e a vida, fico maravilhado diante de tanta Magia Divina da Criação, a Divina Arte; só restaria ao homem se ajoelhar e agradecer por viver e poder participar dessa fantástica Obra da Criação.
Mas a maioria ainda acha que o Criador fez tudo isso para satisfazer os Caprichos, vícios e paixões humanas mais inferiores, destruindo sem nenhum remorso porque acredita que vive apenas uma única existência.
Muitos buscam encontrar o Cristo num homem morto e ensangüentado pregado numa cruz, contudo, ele sempre esteve bem vivo, em essência, na alma de cada ser humano. A grande maioria até hoje nem percebeu que Ele está vivo e não morto.
Cultuamos a morte, não a vida.
Nossos cultos são ao Deus morto e não ao Deus Vivo. Ao Deus que está longe, incapaz de se comunicar com seus filhos, não ao Deus Vivo que reside dentro de cada um de nós. São cultos a corpos que já morreram, não às almas que os habitaram e que são eternas.
Talvez esteja no inconsciente coletivo e se manifeste através dos inconscientes individuais essa sede de destruição e aniquilação, de ganância, o egoísmo, os ódios e rancores, o consumismo , o materialismo disfarçado que tomou conta do mundo, pois o que se vê hoje não deixa de ser, no fundo, o culto "ao bezerro de ouro", um ídolo transformado num Deus.
Grande parte acredita que o Deus Criador Universal fez o homem unicamente para ter uma profissão, ganhar muito dinheiro, ter uma vida física filhos e pronto. Um dia tudo acaba, morre, e não acontece mais nada, o Grande Criador termina sua Obra na morte, não na eternidade da vida.
- Não acham que é uma postura de vida primitiva e pouco inteligente ?
Talvez seja por isso que o homem viva uma existência inteira com medo de morrer. Certa vez vi uma frase muito interessante que dizia o seguinte: "0 homem principia a morrer logo que nasce neste mundo". A morte de um corpo físico não é mais do que uma pequena transformação da vida, onde se sai de um patamar, o mundo físico, para se ingressar num outro patamar da vida, um pouco mais acima, aquele que a ciência esotérica chama de mundo astral e que, simplesmente, se encontra numa dimensão superior. Pelo fato de nossos limitados sentidos humanos e dos aparelhos dos cientistas ainda não conseguirem captar essa dimensão da vida, não quer dizer que não exista.
Na vida existe uma eternidade e na eternidade muitas vidas, dai, os que já estão conscientes disso precisam entrar num processo de transformação e mutação contínuos, onde em cada conquista novos horizontes da vida se abram, novas expansões do sentimento, da mente e da consciência possam surgir. Nosso verdadeiro Caminho é eterno e é trilhado pela alma de todas as coisas; ele se inicia dentro de cada um, no sagrado e divino que reside nos corações , mentes , almas e espíritos de todos os seres humanos.
- Viver é uma arte espiritual, na qual , em cada ato, a magia da criação se renova e inova novas formas e aspectos da própria na vida, mas isto não é ensinado ao homem, só lhe ensinam que é um eterno pecador e que seu fim e a aniquilação total. é assim que os dogmas e os " donos da verdade " perpetuam seus domínios , julgando os "cordeiros" obedientes; aqueles vão para o " céu " porque se investiram na função de Deus e os rebeldes vão para o " inferno. "
Neste momento me lembrei de uma mensagem que canalizei há muito tempo do Senhor Cristo-Maitreya , seu tema naquele dia foi a " Presença Divina " em cada um e em cada coisa . Suas palavras, ensinamentos e energias foram tão fortes que, até hoje quando me recordo, sinto aquela mesma paz , aquele infinito amor que Ele sempre está doando a seus irmãos mais novos , a humanidade . Vale a pena citar uma parte.
-"Sempre estive onde devo estar
Sempre falei para quem queria ouvi r- Me.
Sempre dei a quem queria receber Estou em tudo o que vês e em tudo o que não vês.
Estou na flor que pisas com teus pés . Estou na ave que comes sentado à tua mesa.
Estou no animal que é morto para te dar de comer
Estou na água que bebes , no livro que lês , nas palavras que ouves .
Estou na imagem que desliza diante de teus olhos.
Estou em cada pulsação de teu coração .
Estou no teu sangue, na tua carne, na tua pele.
Mas tu não me vês , não me sentes . Teus olhos estão cegos para a minha Presença.
Teus ouvidos estão surdos para as minhas palavras.
Eu falo , tu não me ouves .
Sou a chama que está em tudo .
Sou a força que dá vida a tudo .
Mas mesmo assim , tu não me sentes . Falas de mim e não me encontras . Procuras - Me onde nunca estive .
Sempre estive no Real , no Eterno , não na forma mas na Força , na Energia que tudo agrega , tudo Une , tudo Transforma .
Estou em ti , porque tu és parte de mim , como Eu Sou parte de ti ; por isso nós , seremos Um com Todos .
Olha para dentro e não para fora .
Fala para o teu interior e não para o exterior onde tudo é transitório .

Procura encontrar - Me em tudo , pois EU estou em Tudo.
Estou em Ti como Tu estás em Mim. Busca - Me no interior desbrava a tua selva interna porque no meio dela , bem Iá no centro, Eu Sou , porque sempre lá estive esperando por ti.
Deixa o externo ; trabalha para teu interior ,:
Encontra - Me e fala comigo, porque Eu lá estarei à tua espera.
Eu Sou a Chama Divina, a Força Sagrada , a Flor Virgem que nunca foi Colhida nem Olhada .
Eu Sou a Tua Presença Divina em Ti por mim estarás com Todos, par mim comungarás com o Eterno , com o Infinito.
Estarás em tudo, na rocha, na flor ; na ave, no peixe, no animal, nos homens, porque Tu é parte de Mim como Todos Nós somos parte do Divino Pai. Ambos somos Um com Ele , com Todas , porque Todos fazemos parte Dele Mesmo."
Se o ser humano não compreender , assimilar e tiver consciência de que tudo o que é vida, seja de que forma for, é sagrada e divina e que, como tal, deve ser respeitada e não destruída, o futuro da humanidade certamente vai ser bem sombrio .
Uma parcela da humanidade está despertando e redescobrindo aquilo que foi perdido lá atrás, levando muitos a vivenciarem o que tem de sagrado e divino, a vida além da forma, o que as religiões e crenças não tem dado o devido valor .
0 homem busca desesperadamente a sua " religação " à fonte única do verdadeiro Amor Divino, à sabedoria eterna , à sua alma, a cada ser, à Grande Mãe Natureza. Só assim conseguirá que a " grande transformação ", que está em curso no mundo, prossiga e traga de volta os valores que, de fato são sagrados e divinos para a evolução humana e planetária, como também a comunicação consciente, o encontro, sem intermediários, com o verdadeiro Deus que reside dentro de cada um, como se lê em Atos dos Apóstolos (17:24-25):
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há , sendo ele o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa ; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas . "
A vida é uma arte mágica onde todos somos participantes ativos da Criação Divina e não uma coisa qualquer cada a um canto, perdida no espaço infinito , habitando um pequenino planeta azul.
É preciso valorizar não só a vida mas a eternidade dela.
Ensinam os Mestres de Luz que um dia os homens terão consciência de quem foram, o que fazem e para onde vão, aí muitos dos problemas que hoje afligem a humanidade desaparecerão.
Na realidade o que somos hoje foi construído no passado, em outras existências , o que estamos fazendo hoje surgirá na próxima vida. Deste modo, cada um de nós está moldando sua próxima personalidade, seus próprios corpos, a maneira como vai viver na próxima existência.
Nós somos os artistas de nossas próprias criações, moldando nossas obras, nossos corpos, nossas próprias vidas.
Poderemos ser: anjos ou demônios, vivermos na verdade ou na mentira, termos amor ou ódio, paz ou guerras, saúde ou doenças, sermos felizes ou infelizes.
Você , meu caro leitor ; decide desde já.
Ao olhar o mundo e os seres humanos fico preocupado com o futuro desta humanidade caótica e destruidora. Mas uma Nova Luz começa a surgir no fim do túnel da morte e da destruição, é uma nova esperança nos horizontes da vida. Tudo o que é verdadeiramente espiritual está ressurgindo, não nos templos feitos pelas mãos dos homens, mas nos verdadeiros templos, nos santuários dos corações, das mentes, consciências e almas daqueles que realmente buscam a Luz e a verdade de todas as coisas; a verdade que liberta, transforma, transmuta , unifica e expande, que nos faz olhar para nossos semelhantes com amor e entendermos que todos pertencemos a uma grande família mística e que, por isso, devemos ajudar aos homens de boa vontade a erguer uma Nova Terra e um Novo Céu , ou seja, uma Nova Vida onde todos seremos participantes, obreiros conscientes e ativos da Grande Obra Divina, sem fanatismos nem dogmas de qualquer espécie.
Henrique Rosa