quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Maturidade - Fase Genital (Freud)

Antes as coisas eram diferentes. Claro que há algumas fases significativas, mas essa etapa é chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar. É mais que um rito de passagem, é um rito de iniciação, um ato realmente inaugural. Talvez haja quem embarque nessa fase aos 30 anos, aos 25, outros aos 45, e alguns, nunca. Sei que tem gente que não fará essa passagem. Não há como obrigá-los. Não sabem o que perdem os que não querem celebrar. Atingir essa fase é começar a provar do néctar dos deuses e descobrir que sabor tem a eternidade. O paladar, o tato, o olfato, a visão e todos os sentidos estão começando a tirar prazeres indizíveis das coisas, bem poderia dizer Clarice Lispector, é cair em área sagrada. Antes a gente vai emitindo promissórias. A partir daí é hora de começar a pagar. Mas também se poderia dizer: até essa etapa fez-se o aprendizado básico. A vida já se inaugurou em fraldas, fotos, festas, viagens, todo tipo de viagens, até das drogas já retornou quem tinha que retornar. Quando alguém aborda nessa fase, não creiam que seja uma coisa fácil. Não é simplesmente, como num jogo de amarelinha, pular de uma casa para outra saltitantemente. Embarcar nessa fase é cair numa epifania. É como uma criança vê pela primeira vez o mar. Na verdade, entrar nessa fase não é para qualquer um. É, de repente, descobrir-se no tempo. Antes, vive-se no espaço. Viver no espaço é mais fácil e deslizante. É mais corporal e objetivo. Pode-se patinar e esquiar amplamente. Mas penetrar nessa etapa é como sair do espaço e penetrar no tempo. E penetrar no tempo é mister de grande responsabilidade. É descobrir outra dimensão além dos dedos da mão. É como se algo mais denso se tivesse criado sob a couraça da casca. Algo, no entanto, mais tênue que uma membrana. Algo como um centro, às vezes móvel, é verdade, mas um centro de dor colorido. Algo mais que uma nebulosa, algo assim pulsante que se entreabrisse em sementes. Nessa fase já se aprendeu os limites da ilha, já se sabe de onde sopram os tufões e, como o náufrago que se salva, é hora de se autocartografar. Já se sabe que um tempo em nós destila que no tempo nos deslocamos que no tempo a gente se dilui e se dilema. Entrar nessa fase é como uma pedra que já não precisa exibir preciosidade, porque já não cabe em preços. É como a ave que canta, não para se denunciar, senão para amanhecer. É passar da reta à curva... É passar da quantidade à qualidade... É passar do espaço ao tempo. É mais do que chegar ao primeiro grande patamar. É mais que poder olhar pra trás. É hora de se abismar. Por isto é necessário ter asas, e sobre o abismo voar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O amor...



O amor é uma energia que flui livre, incondicional. Ele não determina condição alguma para existir. Ele é a própria existência, ele é vida. A energia do amor traz vida a quem é envolvido por ela. Quando alguém ama, esse amor é como ar puro para a pessoa amada. Compartilhar a companhia do ser amado dá uma sensação agradável, a vida flui, a pessoa sente liberdade para ser o que ela é e fazer o que quiser e, principalmente, ter confiança. Confiança em si, confiança no outro, confiança no universo. A missão do amor é conectar o ser humano ao todo, à expressão do divino em nós. O amor nos aproxima da perfeição, porque ele é a mais pura expressão dessa energia divina.Uma pessoa só pode amar outra verdadeiramente, se ela for inteira, se ela se conhecer e se amar – isso é pré-requisito. Como você pode amar alguém incondicionalmente, se faz restrições a si mesmo, se não gosta de alguma coisa em você? Devemos aprender a integrar as partes rejeitadas de nós mesmos na nossa personalidade, a trazer para a luz o que jogamos para a sombra, por acharmos que não era legal. Só assim estaremos prontos para amar de verdade.O cosmo é puro amor e inclui tanto a criação como a destruição, a vida e a morte. O ser humano equivoca-se ao separar o bem do mal, o positivo do negativo, a luz da sombra, porque tudo é parte do todo perfeito. Por este motivo não pode haver condição para o amor existir; a pessoa se aceita e aceita o outro exatamente como ele é, ama incondicionalmente a si mesma e ao outro.A maioria das pessoas confunde amor com posse. Quando o amor sufoca, prende, impõe condições, não é amor verdadeiro, é dependência. A pessoa sente-se insegura e precisa do outro para estar bem. Por isso sufoca o outro e a sensação é de que é difícil respirar, falta espaço para ser o que a pessoa é, estabelece-se uma série de condições para que a relação esteja bem.Amor é uma postura diante da vida e uma maneira de ver o mundo. Se você não tem amor próprio, não confia em si mesmo e nem no outro. Confiança em si vem de compromisso, que por sua vez vem do amor por você mesmo. Estar compromissado consigo mesmo é estar conectado com o sagrado que existe em você.Confiança = com fio (ligado). Tem o sentido de ligação com o sagrado, com o divino que há dentro de nós. O amor é o meio através do qual o ser humano exercita a divindade dentro de si; ele é que permite o nascimento da criança divina dentro de nós que, por sua vez, possibilita a plena expressão da alma. Muitas vezes buscamos a perfeição fora de nós, mas ela está dentro, é nossa herança da divindade. Mas passamos quase toda a vida sem ter consciência disso, buscando ansiosamente fora de nós.Amar é deixar de precisar de alguém. Você deve aprender a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, desapegar-se de quem não quer ficar com você. Amor não é sofrimento; amor é alegria, é compartilhar o dom da vida. Amar é estar feliz com a existência do outro, é vibrar com o crescimento do outro, mesmo que o caminho dele distancie-se do seu. Ademais, você sempre terá a melhor companhia do mundo: você mesmo!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Deus, religião e o sentimento religioso em Freud

"Há muito tempo atrás, ele [o homem] formou uma concepção ideal de onipotência e onisciência que corporificou em seus deuses. A estes, atribuía tudo que parecia inatingível aos seus desejos ou lhe era proibido. Pode-se dizer, portanto, que esses deuses constituíam ideais culturais". – Freud (1929)
A religiosidade perpassa ao longo do processo de desenvolvimento das civilizações. Todas as religiões passam por diversas fases e conflitos, nem todas as perguntas têm em si as respostas imediatas, entretanto, tais idéias são difundidas pela civilização como um bem precioso.
Suas idéias são altamente valorizadas ao longo do tempo enquanto condição para o mais alto grau do bem-estar. A “Palavra de Deus” carrega em si, para o religioso, as condições para a conquista de riquezas, dos proventos, da cura para as doenças e os males, dentre outros desejos que a civilização não pode satisfazer.
A explicação que Freud dá ao sentimento religioso decorre do desamparo na qual o indivíduo é dotado ao nascer em um mundo que lhe parece estranho, hostil e cheio de enigmas, da existência à própria morte. O desamparo infantil decorre dos conflitos e dúvidas quanto as garantias sobre o existir e o futuro. Em Freud, tal desamparo também é o motor da civilização, uma vez que esta nasce na tentativa de diminuir o desamparo do homem diante das forças da natureza, dos enigmas da vida e da própria morte.
Decorre daí que o indivíduo tem um sentimento quanto à proteção, uma necessidade de um pai protetor que lhe trará um apazigüamento do temor, buscando indicar as soluções para dominar o desconhecido. A esse sentimento que estaria ligado à gênese do ideal de
Eu, Freud denominou de “sentimento oceânico”, isto é, a relação do ser humano com um ser infinito, absoluto e abstrato. Outra discussão se faz necessária para explicar o sentimento religioso em Freud, a questão da civilização.
A análise de Freud para a questão da humanidade é de longe um quadro do terror. Porém, é no meio dessas trevas que Freud estabelece as bases para explicar os conflitos humanos, o sofrimento psicológico e a constituição do indivíduo. Em Freud a vida é sofrimento e viver é sofrer, tal como em Schopenhauer.
Ela nos proporciona muitas decepções e tarefas difíceis de suportá-la. Há 3 maneiras principais de experimentar o sofrimento: o advindo da decadência do nosso próprio corpo condenado à dissolução (morte); do mundo externo quando entramos em conflitos (imposições e regras culturais) e o último, advindo do nosso relacionamento com o outro. Relacionamento é desgastoso a qualquer um, traz uma série de conflitos e dissabores, no entanto, é uma faca de dois gumes, pois também é através dos relacionamentos que constituimos nossa subjetividade.
Apresentado o propósito da vida, a busca do prazer em detrimento do desprazer, verifica-se que o programa do
princípio do prazer está em desacordo com o mundo, tanto quanto ao macrocosmo como o microcosmo. A cultura é a grande vilã e a vida em sociedade só é possível com o estabelecimento de regras, o que necessariamente causará confrontos com os desejos individuais.
As possibilidades de felicidade já são condenadas pela nossa própria constituição. Ela é restrita e sua manifestação é passageira. A felicidade intensa e prolongada não existe em Freud, nos comportamos de modo que só podemos experimentar prazer intenso em contraste: amor – indiferença; alegria – tristeza; gostar – odiar, etc.
O ceticismo é fundamental na psicanálise freudiana. Coloca-se um dilema, de um lado reconhece que o estado anterior à civilização é ruim por conduzir à barbárie (lei do mais forte); de outro, a civilização nos cobra um preço elevado para tornar viável a vida em sociedade, este preço é a renúncia dos prazeres e desejos individuais por outros mais conciliatórios com a coletividade.
O ser humano está aprisionado, porém, Freud não é um pessimista, deixou a psicanálise para ajudar o homem a conseguir formas mais conciliatórias com as restrições impostas pela civilização. Para citar um exemplo qualquer, o amante que experimenta os dissabores de um relacionamento não correspondido, não pode imputar danos à amada, agredí-la ou puní-la, se o fizer, isso terá um custo a ser pago, poderá sofrer as sanções da Lei. Mas esse sujeito pode encontrar na arte, na música ou na escrita, uma expressão satisfatória dos seus desejos reprimidos.
A gênese dos deuses e das religiões em Freud
Diante do dilema da vida colocada por Freud, cada civilização construiu os deuses à sua imagem e semelhança espelhadas nos idealimos dos desejos coletivos. Coube aos deuses a tarefa de remediar os conflitos dos homens e aplicar sofrimentos àqueles que afligem o próximo e, também, prover uma recompensa para àqueles considerados “merecedores”. Nenhum deus nasce de uma religião, mas toda religião nasce de um deus, ou vários.
A religião tem a função de separar os que crêem em um deus em específico e criar as regras e o moralismo que irão configurar à doutrina. – Eis o nascimento de um repertório de dogmas, produto da necessidade do homem em tornar tolerável o seu sofrimento e sua fraqueza diante da Natureza. É nesse sentido que todas as religiões – independente de seus princípios – têm dois extremos comuns enquanto objetivo final e separação dos merecedores dos não merecedores: uma alternativa que traga um novo início depois do fim enquanto recompensa (vida depois da morte) e um castigo àqueles que não foram condizentes com os princípios da doutrina.
Certamente que as idéias religiosas passam por um longo processo de desenvolvimento em diversas fases. Em muitas das fases ocorrem conflitos de idéias que resulta na dissolução de uma religião em duas ou mais vertentes, por exemplo, o Catolicismo que na divergência de idéias acabou se dividindo em várias vertentes: os luteranos, calvinos, anglicanos…etc. No Brasil é marcante as diversas segmentações do Cristianismo através dos cristãos, assembleianos, pentecostais, evangélicos…etc. No entanto, as idéias religiosas transmitidas ao longo das civilizações adquirem um valor altamente precioso nas sociedades formadas.
Toda doutrina religiosa é incapaz de provas, ou você acata as idéias enquanto verdadeiras e acredita, ou não acredita. Para Freud, quando indagamos a autencidade de um dogma, nos deparamos com três respostas possíveis: 1) os ensinamentos merecem à crença porque os antepassados já acreditavam; 2) levanta-se “provas” de tais ensinamentos transmitidos pelos antepassados – obviamente que a prova é aquela baseada na fé ou no criacionismo; 3) é totalmente proibido questionar a autencidade da prova. Nesse último, reside a mais alta sustentação da religião.
Freud explica a questão da manutenção dos dogmas pela internalização desde a infância, dos ensinamentos e dogmas religiosos. A criança em sua constituição aprende desde cedo que questionar a existência de um deus é extremamente punitivo.
Trazendo a discussão para o mundo ocidental, tomando o Cristianismo como exemplo, se a criança pergunta aos pais onde está
Deus ela irá receber várias respostas: “está no seu coração”; “na sua alma”; “no seu espírito”; “está no céu olhando todos nós”. Em uma pergunta surgem várias outras dúvidas, nenhuma delas satisfará enquanto prova autêntica para a compreensão da realidade pela criança.
Na medida em que tais questionamentos irão sendo prolongados quando a criança se depara com os conflitos gerados pelo encontro dos seus ideias de mundo com a realidade, serão duramente reprimidos pelos pais e pela cultura, uma vez que esta estabelece que ter uma religião é uma condição normal, anormal é quem não tem.
Em épocas passadas os exemplos de como eram punidos tais presunções são violentos, hoje, com muito otimismo podemos dizer que a civilização olha com desconfiança para quem coloca uma idéia religiosa em dúvida.
Considerações finais:
Este breve exposto não teve as pretensões de esgotar o assunto, tais considerações são antes de tudo uma possível explicação através do pensamento social de Freud para à existência do sentimento religioso do que uma concepção hermética do assunto.
Felizmente as chamas das fogueiras da Inquisição há muito tempo se apagaram. Os ateus e os céticos conseguiram destruir muitas mordaças. Entendo que apontar o dedo para um religioso e tentar criticá-lo por apelar ao sobrenatural não é direito nosso, assim como o oposto também não é. O próprio Freud admite que é insensato tentar eliminar a religião pela força, por um só golpe.
Tal presunção é irrealizável e se fosse, seria crueldade. Apontado por Freud, “Um homem que passou dezenas de anos tomando pílulas soporíferas, evidentemente fica incapaz de dormir se lhe tiram sua pílula. Que o efeito das consolações religiosas pode ser assemelhado ao de um narcótico (…)”, porque concetraríamos nossas forças em acusações aos religiosos? – Façamos diferente.
Questões como para onde vamos, de onde viemos, como foi criado o mundo entre outros enigmas, ainda resistem às explicações do criacionismo. Entendo que tais questões não ajudam a avançar e jamais terão explicações empíricas, quando muito modelos mais próximos da realidade –
teoria do Big Bang – do que a lenda de Adão e Eva.
O Velho Mundo ficou na história, muitos deuses e demônios já foram enterrados, outros foram criados e ainda outros ressuscitados, mas ainda há muito mais trevas. A Ciência já expulsou muita escuridão, mas ainda é uma luz de vela que nos traz um pouco de sentido diante do desconhecido. Lutemos para que tais luzes sejam ampliadas e não se apaguem.
À partir das bases filosóficas e científicas apontemos a espada na face dos deuses perversos e seus demônios, seus métodos de punição e principalmente, nos pregadores – empresários de deus na Terra – e nas religiões, instituições estas que criam condições de alienação e conformismo, aprisionando a existência no pernicioso moralismo. Façamos nossa parte, pois do outro lado os escritos sagrados estarão lutando para arrebatar cada vez mais vidas e trancafiá-las nos calabouços do absoluto, condenando os estéreis de fé a se estribarem no tridente de satanáz.
Bibliografia básica:
O futuro de uma ilusão – Freud (1927)
O mal-estar na civilização – Freud (1929)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ditados populares

“É de menino que se torce o pepino”. “Filho de peixe, peixinho é”. “Dar murro em ponta de faca”.
São tantos os ditados populares ... puras expressões do nosso emocional. Coisas que fazemos mas que não sabemos explicar porque. Coisas que não conseguimos mudar e então dizemos: - “É mais forte do que eu!”. Que força é essa que é mais forte do que nós mesmos? Que parte é essa do nosso psiquismo que toma conta da gente e que faz com que sejamos o cavalo e não o cavaleiro? Que nos conduz ao invés de conduzirmos?
A psicanálise explica alguns desses ditados através de sua teoria do inconsciente humano. Quando nascemos, a nossa personalidade está em formação, e para tudo “dar certo” no desenvolvimento emocional, precisamos ter uma boa estrutura familiar: mãe e pai presentes, educando adequadamente - isto significa que os genitores devem ser fortes e firmes, porém carinhosos e atentos. Segundo Freud, esta formação da personalidade se dá até aproximadamente os 5 anos de idade, ou seja: “É de menino que se torce o pepino”.
Como para formar nossa personalidade, precisamos de algumas pessoas que nos sirvam de modelos, que tal se esses modelos forem nossos pais, já que são as pessoas que temos mais contato na infância? E aí entra o ditado: “Filho de peixe, peixinho é”, para provar que inconscientemente pegamos características desses pais, sem que isso seja uma escolha, pois se assim o fosse, pegaríamos só o que há de melhor de cada um deles. Mas como todos nós, incluindo nossos pais, temos qualidades e defeitos, o “pacote” vem completo, com características positivas e negativas, já que todos somos humanos.
E se agimos inconscientemente para formar a nossa personalidade, por que agiríamos diferente quando adultos? Somos “viciados” em agir inconscientemente porque não crescemos emocionalmente, o que só acontece com o processo de auto-conhecimento da análise. Por isso às vezes não compreendemos porque caímos sempre com o mesmo tipo de chefe, ou com namorados casados, ou com esposas que nos tratam como filhos. Parece que “atraímos” algum tipo específico de situação para a nossa vida e ficamos constantemente “Dando murro em ponta de faca”, vivendo uma situação que não conseguimos mudar. Na verdade, se não há crescimento emocional, não há um “viver dentro da realidade” e saber escolher o que é bom e ruim, e sim um “atrair as pessoas de acordo com as experiências que tivemos na infância”, que é o registro que fica gravado no inconsciente.
Taís Ranali de Carvalho Pinto -Psicanalista e Presidente da SPP

A difícil arte de viver


A vida do ser humano a cada dia parece estar mais difícil, complicada e sofrida; grande parte dos seres humanos não está vivendo, simplesmente luta para sobreviver. A cultura da destruição e da morte fez da vida algo irreal, contudo, os Grandes Mestres de todos os tempos sempre ensinaram que Deus, a Grande Força Criadora Universal, não importa muito o rótulo que Ihe damos, está dentro de cada um e, assim sendo o sagrado e o divino habitam no interior de todos nós.

Se acreditamos neste principio não tem Iógica o tipo de vida que vivemos totalmente voltada para as coisas materiais, para os prazeres e a destruição.
Quando falo em sagrado e divino não estou me referindo a uma religião e, sim à Força que habita em cada átomo , molécula , célula , em cada corpo , em cada ser . Essa Força foi a responsável por toda a Criação e ainda está além da nossa imaginação que, por incapacidade mental, não conseguiu ainda desvendar os grandes mistérios da vida e da criação universal.
Numa palestra em novembro de 1985 disse J. Krishnarnurti aos presentes:
"Se não houver nenhuma mudança agora, os senhores serão exatamente os mesmo que eram antes... A humanidade tem medo, mágoa, dor, ansiedade, lágrimas, insegurança, confusão. Coisas a que todo ser humano na terra estão sujeito, e os senhores são como os outros. Portanto, os senhores não são indivíduos. Eu sei que o meu corpo é diferente do seu - a senhora é mulher, e eu sou homem. Mas estamos no mundo como uma unidade. Quando esse relacionamento é sentido, o senhor é o resto da humanidade. Então, ocorre algo totalmente diferente, não apenas palavras, imaginações, mas o sentido disso, a imensidão disso."'
Através da canalização, recentemente o Mestre Hilarion2 disse:
"Nos dias de hoje a coisa mais fácil é morrer, o difícil é viver. Hoje se pratica o culto à morte e não à vida, isto está patente nas ações destruidoras do próprio homem por todo o planeta."
Apesar dos avanços da ciência e do homem ter colocado os pés na Lua, apesar da liberdade política e religiosa, da multiplicação das religiões, crenças e filosofias de vida o ser humano continua a não saber, verdadeiramente, o que é o grande mistério mágico vida.
A vida deveria ser como uma obra de arte, onde a alma é o artista, a personalidade a argila. Através da ação energética de suas mãos, de sua força, a alma deveria moldar a argila à sua imagem e semelhança para que pudesse surgir à consciência de todos os homens. A alma é o verdadeiro Anjo, o Filho da Luz, do Sagrado e do Divino.
Mas, os sistemas vigentes no mundo não trazem para o homem o Anjo da Vida, da Criação e da Luz e sim, o da destruição, da miséria, da fome, da mentira, da morte e das trevas, fruto do mal que tem saído de todas as mentes e todos os corações humanos.
- Então, o que estamos fazendo de nossas vidas?
Está chegando o momento de cada um questionar a si próprio e encontrar suas respostas
Em nossos tempos a vida desceu a uma cotação tão baixa que até as crianças e jovens estão matando como se isto fosse uma coisa normal.
Muitas vidas são tiradas por causa de uma simples discussão de transito ou por conta de um roubo de quantias insignificantes. Jesus foi trocado por 30 moedas de prata, segundo a Biblia.3 Hoje, a vida do homem nem 30 moedas de prata está valendo.
- 0 que se passa com a humanidade que só quer consumir e destruir ? Onde fica o " amai-vos uns aos outros " e a verdadeira fraternidade universal ?
As religiões, crenças e filosofias de vida estão sendo impotentes para levar à consciência e à mente do homem que a vida é sagrada e divina, não só a vida do homem como também a vida do animal, da arvore, da agua, do ar e do planeta.
Estamos matando todos os tipos de vida do planeta sem a menor consideração e respeito a elas. Estamos aniquilando o que é verdadeiramente sagrado e divino e o que é mais incrível, em nome do progresso e da evolução da humanidade.
- Mas que progresso e que evolução? Da morte? Da destruição? Do caos?
- Será que podemos nos chamar de civilizados enquanto deixarmos crianças matarem e serem assassinadas, que mães abandonam seus filhos dentro de sacos de lixo?
O homem se apoderou de tudo como sua propriedade, mas tudo o que é material tem um único "dono", o planeta, a Terra, que é uma Obra das Forças Divinas e Sagradas e que na nossa época muitos chamam de Deus. Todos chegamos a este mundo nus, sem conta bancária, nem cartão de crédito e saímos dele deixando aqui todos os valores materiais ; o que levamos para o outro lado da vida são nossas obras e realizações, sejam elas positivas ou negativas e o verdadeiro amor.
As culturas religiosas, principalmente as ocidentais, utilizando o imaginário humano, levaram o homem a precisar de um pedaço de barro, de madeira, uma imagem de um santo, anjo, mestre, livro, cristal, vela, algo que Ihe fizesse sentir o sagrado e o divino. Deste modo, ele tem fé naquilo mas o que é verdadeiramente sagrado e divino e está dentro dele próprio continua jogado na lata de lixo.
o ser humano não se limitou à matança de seus semelhantes4, também está matando a natureza, poluindo o ar e a água, necessários para sua vida, e com isso esta traçando um futuro muito pior para toda a humanidade e para o planeta Terra.
Ao olhar para o universo, a natureza e a vida, fico maravilhado diante de tanta Magia Divina da Criação, a Divina Arte; só restaria ao homem se ajoelhar e agradecer por viver e poder participar dessa fantástica Obra da Criação.
Mas a maioria ainda acha que o Criador fez tudo isso para satisfazer os Caprichos, vícios e paixões humanas mais inferiores, destruindo sem nenhum remorso porque acredita que vive apenas uma única existência.
Muitos buscam encontrar o Cristo num homem morto e ensangüentado pregado numa cruz, contudo, ele sempre esteve bem vivo, em essência, na alma de cada ser humano. A grande maioria até hoje nem percebeu que Ele está vivo e não morto.
Cultuamos a morte, não a vida.
Nossos cultos são ao Deus morto e não ao Deus Vivo. Ao Deus que está longe, incapaz de se comunicar com seus filhos, não ao Deus Vivo que reside dentro de cada um de nós. São cultos a corpos que já morreram, não às almas que os habitaram e que são eternas.
Talvez esteja no inconsciente coletivo e se manifeste através dos inconscientes individuais essa sede de destruição e aniquilação, de ganância, o egoísmo, os ódios e rancores, o consumismo , o materialismo disfarçado que tomou conta do mundo, pois o que se vê hoje não deixa de ser, no fundo, o culto "ao bezerro de ouro", um ídolo transformado num Deus.
Grande parte acredita que o Deus Criador Universal fez o homem unicamente para ter uma profissão, ganhar muito dinheiro, ter uma vida física filhos e pronto. Um dia tudo acaba, morre, e não acontece mais nada, o Grande Criador termina sua Obra na morte, não na eternidade da vida.
- Não acham que é uma postura de vida primitiva e pouco inteligente ?
Talvez seja por isso que o homem viva uma existência inteira com medo de morrer. Certa vez vi uma frase muito interessante que dizia o seguinte: "0 homem principia a morrer logo que nasce neste mundo". A morte de um corpo físico não é mais do que uma pequena transformação da vida, onde se sai de um patamar, o mundo físico, para se ingressar num outro patamar da vida, um pouco mais acima, aquele que a ciência esotérica chama de mundo astral e que, simplesmente, se encontra numa dimensão superior. Pelo fato de nossos limitados sentidos humanos e dos aparelhos dos cientistas ainda não conseguirem captar essa dimensão da vida, não quer dizer que não exista.
Na vida existe uma eternidade e na eternidade muitas vidas, dai, os que já estão conscientes disso precisam entrar num processo de transformação e mutação contínuos, onde em cada conquista novos horizontes da vida se abram, novas expansões do sentimento, da mente e da consciência possam surgir. Nosso verdadeiro Caminho é eterno e é trilhado pela alma de todas as coisas; ele se inicia dentro de cada um, no sagrado e divino que reside nos corações , mentes , almas e espíritos de todos os seres humanos.
- Viver é uma arte espiritual, na qual , em cada ato, a magia da criação se renova e inova novas formas e aspectos da própria na vida, mas isto não é ensinado ao homem, só lhe ensinam que é um eterno pecador e que seu fim e a aniquilação total. é assim que os dogmas e os " donos da verdade " perpetuam seus domínios , julgando os "cordeiros" obedientes; aqueles vão para o " céu " porque se investiram na função de Deus e os rebeldes vão para o " inferno. "
Neste momento me lembrei de uma mensagem que canalizei há muito tempo do Senhor Cristo-Maitreya , seu tema naquele dia foi a " Presença Divina " em cada um e em cada coisa . Suas palavras, ensinamentos e energias foram tão fortes que, até hoje quando me recordo, sinto aquela mesma paz , aquele infinito amor que Ele sempre está doando a seus irmãos mais novos , a humanidade . Vale a pena citar uma parte.
-"Sempre estive onde devo estar
Sempre falei para quem queria ouvi r- Me.
Sempre dei a quem queria receber Estou em tudo o que vês e em tudo o que não vês.
Estou na flor que pisas com teus pés . Estou na ave que comes sentado à tua mesa.
Estou no animal que é morto para te dar de comer
Estou na água que bebes , no livro que lês , nas palavras que ouves .
Estou na imagem que desliza diante de teus olhos.
Estou em cada pulsação de teu coração .
Estou no teu sangue, na tua carne, na tua pele.
Mas tu não me vês , não me sentes . Teus olhos estão cegos para a minha Presença.
Teus ouvidos estão surdos para as minhas palavras.
Eu falo , tu não me ouves .
Sou a chama que está em tudo .
Sou a força que dá vida a tudo .
Mas mesmo assim , tu não me sentes . Falas de mim e não me encontras . Procuras - Me onde nunca estive .
Sempre estive no Real , no Eterno , não na forma mas na Força , na Energia que tudo agrega , tudo Une , tudo Transforma .
Estou em ti , porque tu és parte de mim , como Eu Sou parte de ti ; por isso nós , seremos Um com Todos .
Olha para dentro e não para fora .
Fala para o teu interior e não para o exterior onde tudo é transitório .

Procura encontrar - Me em tudo , pois EU estou em Tudo.
Estou em Ti como Tu estás em Mim. Busca - Me no interior desbrava a tua selva interna porque no meio dela , bem Iá no centro, Eu Sou , porque sempre lá estive esperando por ti.
Deixa o externo ; trabalha para teu interior ,:
Encontra - Me e fala comigo, porque Eu lá estarei à tua espera.
Eu Sou a Chama Divina, a Força Sagrada , a Flor Virgem que nunca foi Colhida nem Olhada .
Eu Sou a Tua Presença Divina em Ti por mim estarás com Todos, par mim comungarás com o Eterno , com o Infinito.
Estarás em tudo, na rocha, na flor ; na ave, no peixe, no animal, nos homens, porque Tu é parte de Mim como Todos Nós somos parte do Divino Pai. Ambos somos Um com Ele , com Todas , porque Todos fazemos parte Dele Mesmo."
Se o ser humano não compreender , assimilar e tiver consciência de que tudo o que é vida, seja de que forma for, é sagrada e divina e que, como tal, deve ser respeitada e não destruída, o futuro da humanidade certamente vai ser bem sombrio .
Uma parcela da humanidade está despertando e redescobrindo aquilo que foi perdido lá atrás, levando muitos a vivenciarem o que tem de sagrado e divino, a vida além da forma, o que as religiões e crenças não tem dado o devido valor .
0 homem busca desesperadamente a sua " religação " à fonte única do verdadeiro Amor Divino, à sabedoria eterna , à sua alma, a cada ser, à Grande Mãe Natureza. Só assim conseguirá que a " grande transformação ", que está em curso no mundo, prossiga e traga de volta os valores que, de fato são sagrados e divinos para a evolução humana e planetária, como também a comunicação consciente, o encontro, sem intermediários, com o verdadeiro Deus que reside dentro de cada um, como se lê em Atos dos Apóstolos (17:24-25):
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há , sendo ele o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tão pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa ; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas . "
A vida é uma arte mágica onde todos somos participantes ativos da Criação Divina e não uma coisa qualquer cada a um canto, perdida no espaço infinito , habitando um pequenino planeta azul.
É preciso valorizar não só a vida mas a eternidade dela.
Ensinam os Mestres de Luz que um dia os homens terão consciência de quem foram, o que fazem e para onde vão, aí muitos dos problemas que hoje afligem a humanidade desaparecerão.
Na realidade o que somos hoje foi construído no passado, em outras existências , o que estamos fazendo hoje surgirá na próxima vida. Deste modo, cada um de nós está moldando sua próxima personalidade, seus próprios corpos, a maneira como vai viver na próxima existência.
Nós somos os artistas de nossas próprias criações, moldando nossas obras, nossos corpos, nossas próprias vidas.
Poderemos ser: anjos ou demônios, vivermos na verdade ou na mentira, termos amor ou ódio, paz ou guerras, saúde ou doenças, sermos felizes ou infelizes.
Você , meu caro leitor ; decide desde já.
Ao olhar o mundo e os seres humanos fico preocupado com o futuro desta humanidade caótica e destruidora. Mas uma Nova Luz começa a surgir no fim do túnel da morte e da destruição, é uma nova esperança nos horizontes da vida. Tudo o que é verdadeiramente espiritual está ressurgindo, não nos templos feitos pelas mãos dos homens, mas nos verdadeiros templos, nos santuários dos corações, das mentes, consciências e almas daqueles que realmente buscam a Luz e a verdade de todas as coisas; a verdade que liberta, transforma, transmuta , unifica e expande, que nos faz olhar para nossos semelhantes com amor e entendermos que todos pertencemos a uma grande família mística e que, por isso, devemos ajudar aos homens de boa vontade a erguer uma Nova Terra e um Novo Céu , ou seja, uma Nova Vida onde todos seremos participantes, obreiros conscientes e ativos da Grande Obra Divina, sem fanatismos nem dogmas de qualquer espécie.
Henrique Rosa

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral nasceu em 1º de setembro de 1886 na Fazenda São Bernardo, município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral. Era neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em razão da imensa fortuna que acumulou abrindo fazendas no interior de São Paulo. Seu pai herdou apreciável fortuna e diversas fazendas nas quais Tarsila passou a infância e adolescência.
Estuda em São Paulo no Colégio Sion e completa seus estudos em Barcelona, na Espanha, onde pinta seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, aos 16 anos. Casa-se em 1906 com André Teixeira Pinto com quem teve sua única filha, Dulce. Separa-se dele e começa a estudar escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em São Paulo. Posteriormente estuda desenho e pintura com Pedro Alexandrino. Em 1920 embarca para a Europa objetivando ingressar na Académie Julian em Paris. Frequenta também o ateliê de Émile Renard. Em 1922 tem uma tela sua admitida no Salão Oficial dos Artistas Franceses. Nesse mesmo ano regressa ao Brasil e se integra com os intelectuais do grupo modernista. Faz parte do “grupo dos cinco” juntamente com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Nessa época começa seu namoro com o escritor Oswald de Andrade. Embora não tenha sido participante da “Semana de 22” integra-se ao Modernismo que surgia no Brasil, visto que na Europa estava fazendo estudos acadêmicos.
Volta à Europa em 1923 e tem contato com os modernistas que lá se encontravam: intelectuais, pintores, músicos e poetas. Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas. Mantém estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suiço que visita o Brasil em 1924. Inicia sua pintura “pau-brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. Em 1926 expõe em Paris, obtendo grande sucesso. Casa-se no mesmo com Oswald de Andrade. Em 1928 pinta o “Abaporu” para dar de presente de aniversário a Oswald que se empolga com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica da sua pintura. Em 1929 expõe individualmente pela primeira vez no Brasil. Separa-se de Oswald em 1930.
Em 1933 pinta o quadro “Operários” e dá início à pintura social no Brasil. No ano seguinte participa do I Salão Paulista de Belas Artes. Passa a viver com o escritor Luís Martins por quase vinte anos, de meados dos anos 30 a meados dos anos 50. De 1936 à 1952, trabalha como colunista nos Diários Associados.
Nos anos 50 volta ao tema “pau brasil”. Participa em 1951 da I Bienal de São Paulo. Em 1963 tem sala especial na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte participação especial na XXXII Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973.
Tarsila, com sua obra, revolucionou a arte no Brasil. Ela iniciou seus estudos em São Paulo com Pedro Alexandrino, mestre acadêmico. Em Paris, no início dos anos vinte, estudou na Academia Julian e com Emile Renard, já aparecendo como artista de vanguarda. Dessa primeira fase de sua pintura temos como exemplo "A Samaritana", 1911; "Pátio do Colégio", 1921 e "Chapéu Azul", 1922.
Passou por uma fase impressionista, mas quando retornou ao Brasil em 1922, entrou em contato com o grupo modernista e começou a mudar sua pintura. Em 1923, de volta a Paris, entrou em contato com o cubismo (escola de pintura onde predominam figuras geométricas). Pintou "A Negra" e empolgou Fernand Léger, seu professor na época. Iniciou a pintura intitulada pau-brasil"" , onde a artista usou o cubismo como técnica, mas inovou colocando em suas telas temas e cores bem brasileiros. Tarsila criou o conceito de brasilidade, pois foi o "primeiro pintor" a usar as cores caipiras e a utilizar-se de temas do cotidiano do Brasil, lembrando-se muito de sua infância e adolescência vividas nas fazendas de seu pai. Dessa fase podem ser lembrados os quadros "Auto-retrato" ou "Manteau Rouge", 1923; "E.F.C.B.", 1924; "Carnaval em Madureira", 1924; "A Cuca", 1924; "Auto-Retrato", 1924; "O Pescador", 1925; "Religião Brasileira", 1927 e "Manacá", 1927.
Posteriormente, quando pintou o "Abaporu", em 1928, querendo causar impacto em seu marido Oswald de Andrade, Tarsila iniciou o Movimento Antropofágico no Brasil. Este movimento, liderado por Oswald, propunha a "deglutição" da cultura européia, tranformando-a em algo bem brasileiro, e a figura do "Abaporu" idealizava o processo da deglutição. Esta fase da pintura de Tarsila intitulada Antropofágica é a mais importante de sua carreira. Temos como exemplo dessa fase os quadros: "Abaporu", 1928; "O Lago", 1928; "O Ovo" ou "Urutu", 1928; "A Lua",1928; "Cartão Postal", 1929 e "Antropofagia", 1929.
Em 1933, depois de visitar a ex-URSS, pintou o quadro "Operários". Assim, mais uma vez precursora, Tarsila iniciou a pintura com temas sociais no Brasil. Nessa fase pintou também "Segunda Classe". Nos anos cinquenta a artista retomou as paisagens e as cores brasileiras que tanto a caracterizaram e voltou à pintura pau-brasil, agora intitulada neo pau-brasil. Tarsila fez duas grandes exposições em Paris nos anos vinte (1926 e 1929), com grande sucesso. Expôs no Brasil individualmente pela primeira vez em 1929. Até seu falecimento, participou de diversas exposições no Brasil e em vários lugares do mundo. Inovou sempre e contribuiu para mudar o rumo das artes do Brasil, junto com o grupo modernista brasileiro, mas mesmo dentro do grupo, sempre foi precursora, sendo assim considerada um dos artistas de maior importância na arte brasileira.

OBRAS


Chapéu Azul - Esta tela foi realizada depois de Tarsila frequentar o ateliê de Emile Renard. As telas dessa época possuem uma grande suavidade e uma atmosfera lírica.



Auto-retrato ou Manteau Rouge - Em Paris, Tarsila foi a um jantar em homenagem a Santos Dumont com esta maravilhosa capa (Manteau Rouge, em francês, significa casaco, manto vermelho). Além de linda, usava roupas muito elegantes e exóticas, e sua presença era marcante em todos os lugares que freqüentava. Depois desse jantar, pintou este maravilhoso auto-retrato.


A Negra - Esta tela foi pintada por Tarsila em Paris, enquanto tomava aulas com Fernand Léger. A tela o impressionou tanto que ele a mostrou para todos os seus alunos, dizendo que se tratava de um trabalho excepcional. Em A Negra temos elementos cubistas no fundo da tela e ela também é considerada antecessora da Antropofagia na pintura de Tarsila. Essa negra de seios grandes, fez parte da infância de Tarsila, pois seu pai era um grande fazendeiro, e as negras, geralmente filhas de escravos, eram as amas-secas, espécies de babás que cuidavam das crianças.

EFCB (Estação de Ferro Central do Brasil) - Este quadro foi pintado depois da viagem a Minas Gerais com o grupo modernista. Foi então que Tarsila começou a pintura intitulada Pau-Brasil, com temas e cores bem brasileiros. Esta tela foi pintada para participar da exposição-conferência sobre modernismo do poeta Blaise Cendrars realizada em São Paulo, em junho de 1924.



Carnaval em Madureira - Tarsila veio de Paris e passou o carnaval de 1924 no Rio de Janeiro. É curioso ver que ela colocou a famosa Torre Eiffel no meio da favela carioca.


A Cuca - Tarsila pintou este quadro no começo de 1924 e escreveu à sua filha dizendo que estava fazendo uns quadros "bem brasileiros", e a descreveu como "um bicho esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu, e outro bicho inventado". Este quadro é também considerado um prenúncio da Antropofagia na obra de Tarsila e foi doado por ela ao Museu de Grenoble na França.

O Pescador - Este quadro tem um colorido excepcional e trata de um tema bem brasileiro: um pescador num lago em meio a uma pequena vila com casinhas e vegetação típica. Este quadro foi exposto em Moscou, na Rússia em 1931 e foi comprado pelo governo russo.


Religião Brasileira - Certa vez Tarsila chegou de viagem da Europa, desembarcou no porto de Santos e foi comprar doces caseiros em uma casinha bem simples de pescadores. Ao entrar observou um pequeno altar com vários santinhos, enfeitados por vasinhos e flores de papel crepom. Achou aquilo tão pitoresco e pintou esta maravilhosa tela.


Manacá - Linda tela, com um colorido forte. Esta flor é representada por Tarsila de uma maneira particular, bem típica da obra dela.



Abaporu - Este é o quadro mais importante já produzido no Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também escritor Raul Bopp. Ficaram olhando aquela figura estranha e acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro. O "Abaporu" foi a tela mais cara vendida até hoje no Brasil, alcançando o valor de US$1.500.000. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini.

O Lago - Maravilhosa tela da fase Antropofágica, com o colorido e o tema tão típicos de Tarsila. Seu sobrinho Sérgio comprou a tela e permaneceu com ela por muitos anos.



O Ovo ou Urutu - Nesta tela temos símbolos muito importantes da Antropofagia. A cobra grande é um bicho que assusta e tem um poder de "deglutição". A partir daí, o ovo é uma gênese, o nascimento de algo novo e esta era a proposta da Antropofagia. Esta tela pertence ao importante acervo de Gilberto Chateaubriand e está sempre sendo exibida em grandes exposições.

A Lua - Este quadro era o preferido de Oswald de Andrade, seu marido quando pintou a tela. Ele conservou o quadro até sua morte (mesmo já separado de Tarsila).



Cartão Postal - Vemos a lindíssima cidade do Rio de Janeiro nesta tela, que é o maior Cartão Postal do Brasil. O macaco é um bicho Antropofágico de Tarsila que compõe a tela.



Antropofagia - Nesta tela temos a junção do "Abaporu" com "A Negra". Este aparece invertido em relação ao quadro original. Trata-se de uma das telas mais significativas de Tarsila e o colecionador Eduardo Costantini, dono do "Abaporu", está muito interessado no quadro e já ofereceu uma soma muito alta por ele (que foi recusada pelos atuais donos).

A Lua...

A Lua (do latim Luna) é o único satélite natural da Terra, situando-se a uma distância de cerca de 384.405 km do nosso planeta.
Segundo a última contagem, mais de 150 luas povoam o sistema solar: Netuno é cercada por 13 delas; Saturno tem 48; Júpiter possui 63. A Lua terráquea não é a maior de todo o
Sistema Solar - Titã, uma das luas de Saturno, tem o dobro de seu tamanho - mas é a maior em relação ao seu planeta. Com 1/4 do tamanho da Terra e 1/6 de sua gravidade, é o único corpo celeste visitado por seres humanos e onde a NASA (sigla em inglês de National Aeronautics and Space Administration) pretende implantar bases permanentes.
Visto da
Terra, o satélite apresenta fases e exibe sempre a mesma face (situação designada como acoplamento de maré), fato que gerou inúmeras especulações a respeito do teórico lado escuro da Lua, que na verdade fica iluminado quando estamos no período chamado de Lua nova. Seu período de rotação é igual ao período de translação. A Lua não tem atmosfera e apresenta, embora muito escassa, água no estado sólido (em forma de cristais de gelo). Não tendo atmosfera, não há erosão e a superfície da Lua mantém-se intacta durante milhões de anos. É apenas afetada pelas colisões com meteoritos.
É a principal responsável pelos efeitos de
maré que ocorrem na Terra, em seguida vem o Sol, com uma participação menor. Pode-se dizer do efeito de maré aqui na Terra como sendo a tendência de os oceanos acompanharem o movimento orbital da Lua, sendo que esse efeito causa um atrito com o fundo dos oceanos, atrasando o movimento de rotação da Terra cerca de 0,002 s por século, e, como consequência, a Lua se afasta de nosso planeta em média 3 cm por ano.
A Lua é, proporcionalmente, o maior satélite natural do nosso
Sistema Solar. Sua massa é tão significativa em relação à massa da Terra que o eixo de rotação do sistema Terra-Lua encontra-se muito longe do eixo central de rotação da Terra. Alguns astrônomos usam este argumento para afirmar que vivemos em um dos componentes de um planeta duplo, mas a maioria discorda, uma vez que para que um sistema planetário seja duplo é necessário que seu eixo de rotação esteja fora dos dois corpos.
A origem da Lua é incerta, mas as similaridades no teor dos elementos encontrados tanto na Lua quanto na Terra indicam que ambos os corpos podem ter tido uma origem comum. Nesse aspecto, alguns astrônomos e geólogos alegam que a Lua teria se desprendido de uma massa incandescente de rocha liqüefeita primordial, recém-formada, através da força centrífuga.
Outra hipótese, atualmente a mais aceita, é a de que um
planeta desaparecido e denominado Theia, aproximadamente do tamanho de Marte, ainda no princípio da formação da Terra, teria se chocado com nosso planeta. Tamanha colisão teria desintegrado totalmente o planeta Theia e forçado a expulsão de pedaços de rocha líquida. Esses pequenos corpos foram condensados em um mesmo corpo, o qual teria sido aprisionado pelo campo gravitacional da Terra. Esta teoria recebeu o nome de Big Splash.
Há ainda um grupo de teóricos que acreditam que, seja qual for a forma como surgiram, haveria dois satélites naturais orbitando a Terra: o maior seria a Lua, e o menor teria voltado a se chocar com a Terra, formando as massas continentais.
O conhecimento sobre a geologia da lua aumentou significantemente a partir da década de 1960 com as missões tripuladas e automatizadas. Apesar de todos os dados recolhidos ao longo de todos esses anos, ainda há perguntas sem respostas que unicamente serão contestadas com a instalação de futuras bases permanentes e um amplo estudo sobre a superfície da lua. Graças a sua distância da Terra, a Lua é o único corpo, junto com a Terra, que se conhecem detalhadamente sua geologia. As missões tripuladas Apollo contribuíram com a recoleção de 382 kg de rochas e mostras do solo, dos quais seguem sendo o objeto de estudo para a compreensão sobre a formação de corpos celestes.

Solo
As explorações e os estudos do
solo da Lua levaram os cientistas a concluir que a queda de meteoros em sua superfície desprotegida de atmosfera é a principal causa de seu solo ser esburacado [1] já que atmosfera pode frear ou diminuir a velocidade desses objetos, ao colidirem, razão pela qual abrem mais crateras contra a superfície lunar do que na terra.

Faces
As partes mais próximas de um objecto em órbita em volta de um planeta sofrem uma atracção gravitacional maior deste (porque estão a uma menor distância dele) do que as mais distantes, ou seja, há um gradiente de gravidade. Isso faz com que se gere um binário que leva o objecto a acabar por ficar orientado no espaço de modo a que seja a sua parte com uma maior massa a ficar voltada para o planeta. É esse efeito que explica porque é que a Lua assume uma taxa de rotação estável que mantém sempre a mesma face voltada para a Terra. O seu centro de massa está distanciado do seu centro geométrico de cerca de 2 km na direcção da Terra.

Curiosamente, não se sabe porquê, do lado voltado para a Terra a sua crosta é mais fina quanto à amplitude de relevo e é onde estão concentrados os mares - as zonas mais planas.
As designações "continentes" e "mares" não devem ser entendidas com o mesmo significado que têm na Terra. Os continentes são escarpados e constituídos por rochas mais claras (anortositos), essencialmente formados por feldspatos, que reflectem 18% da luz incidente proveniente do Sol. Apresentam, em geral, um maior número de crateras de impacto e ocupam a maior extensão da superfície lunar. Os mares lunares não têm água, apresentam a sua superfície mais plana do que a dos continentes, fazendo lembrar a superfície livre de um líquido. São escuros, constituídos por basaltos, reflectindo apenas cerca de 6% a 7% da luz incidente. A formação dos mares, que são mais abundantes na face visível do que na face não visível (lado escuro), relaciona-se com os impactos meteoríticos.







MARAVILHAS DO MUNDO ATUAL

As sete maravilhas do mundo já existiam. Mas, faziam parte do mundo antigo. Todas elas foram construídas antes de Cristo. Eram o Farol de Alexandria, o Templo de Artemis, a Estátua de Zeus, o Colosso de Rodes, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Mausoléu de Halicarnasso e as Pirâmides de Gizé. Das sete, apenas as Pirâmides de Gizé, no Egito, ainda existem.
Por essa razão, Bernard Weber cineasta suíço, apaixonado por história antiga, criou o projeto que começou depois de uma conversa com um amigo, Carlos Vaz Marques, professor de história antiga, quando discutiam quais seriam as sete maravilhas do mundo atual.
Bernard Weber formou-se em cinema pela Universidade de Nova Iorque e trabalhou a partir de 1974 como assistente de Frederico Fellini, em Roma. Participou da produção de dois longa-metragem, além de diversas produções para TV. Atua como conservador do Museu Lê Corbusier, em Zurique, construído por sua mãe, Heidi.
Essas características o levaram à sua grande aventura. Por considerar que nos últimos 2000 anos, a humanidade criou muitas maravilhas, Weber decidiu fazer uma página na Internet e promover uma votação mundial.
Para chegar aos 25 nomes indicados em sua página, Weber recorreu a um grupo de especialistas, entre os quais um professor de história da arte, um de história da arquitetura, um jornalista, um arqueólogo e um arquiteto. Um grupo de estudantes foi contratado para catalogar as sugestões que chegassem pela Internet.
Seis delas foram incluídas na lista de votação depois da aprovação desse grupo: a Opera House, de Sydney, na Austrália; a Igreja da Sagrada Família, em Barcelona; o Empire State Building; a Ponte Golden Gate, em São Francisco; Machu Picchu, no Peru; o Templo de Angkor Wat, no Cambodja; a cidade de Kyoto, no Japão; e a cidade de Petra, na Jordânia. Duas outras sugestões foram insistentemente propostas: as igrejas de pedra de Lalibela, na Etiópia, e os terraços de arroz na Indonésia.
A Unesco deu apoio informal ao projeto de Weber, pois seus estatutos a proíbem de tomar parte ativamente em operações como esta. Isso não significou problema para ele, pois tinha certeza de que sua legitimidade viria dos milhões de votos recebidos para uma idéia que rapidamente se tornou popular.
O custo projeto, bem superior a US$ 1 milhão, saiu do bolso de Weber e do de empresários amigos que, na verdade, fizeram um investimento para a venda de produtos relacionados com as novas sete maravilhas pela Internet.
E assim, no dia 7 de julho de 2007, no estádio da Luz, em Lisboa, mais de 40 mil pessoas assistiram à cerimônia de declaração das Sete Novas Maravilhas do Mundo, listadas a seguir.

1º lugar: A Grande Muralha da China


Para se protegerem ou separarem, os homens constroem muros desde a Antigüidade. O exemplo mais ancestral é o da Grande Muralha da China, com seus 3.460 quilômetros de extensão, mais outros 2.860 quilômetros de ramificações. Formidável obra de defesa militar, em alguns pontos com 16,5 metros de altura e torres invariavelmente erguidas a cada 60 metros, ela serviu de fronteira durante mil anos. Seus primeiros sinais remontam ao século VII antes de nossa era.







2º Lugar: Ruínas de Petra - Jordânia

Petra (9 a.C. - 40 d.C), Jordânia Na extremidade do Deserto árabe, Petra era a capital reluzente do império dos Nabateus, na época do Rei Aretas IV (9 a.C. - 40 d.C.). Mestres em tecnologia para o abastecimento de água, os nabateus construiram grandes túneis e câmaras com esse propósito, além de um teatro, calcado em protótipos grego-romanos, para uma audiência de 4.000 pessoas. Hoje, as Tumbas do Palácio de Petra, com uma fachada de 42 metros de altura (El-Deir Monastério), são um exemplo impressionante de cultura do Oriente Médio.





3º Lugar: Cristo Redentor, Rio de Janeiro, Brasil




Um dos mais belos símbolos do Rio de Janeiro,
situado no topo do Morro do Corcovado, a 710
metros do nível do mar, o monumento mede 38
metros de altura - contando com o pedestal, onde há uma capela - e pesa 1.145 toneladas. Foi
concebida pelo escultor francês Paul Landowski e
esculpida por Heitor da Silva Costa. A estátua
levou cinco anos para ser construída, tendo sido
inaugurada no dia 12 de Outubro de 1931. Tornou-se o símbolo da cidade do Rio de Janeiro.

4º Lugar :Machu Picchu (1460-1470), Peru


No século XV, o imperador inca Pachacutec edificou uma cidade nas nuvens, na montanha conhecida como Machu Picchu (“velha montanha”). Este extraordinário povoado está localizado no Planalto dos Andes, nas profundezas da floresta amazônica e acima do rio Urubamba. Abandonada pelos incas devido a um surto de varíola e após a derrota do Império Inca pelos espanhóis, a cidade foi considerada “perdida” durante mais de três séculos. Foi redescoberta por Hiram Bingham em 1911.




5º Lugar: A Pirâmide de Chichén Itzá, México



A pirâmide em Chichén Itzá (anterior a 800 d.C.),
Península de Yucatan, México, Chichén Itzá, a mais famosa Cidade Templo Maia, funcionou como centro político e econômico da civilização maia. As várias estruturas – a pirâmide de Kukulkan, o Templo de Chac-Mool, a Praça das Mil Colunas, e o Campo de Jogos dos Prisioneiros – podem ainda hoje ser admiradas e são demonstrativas de um extraordinário compromisso para com a composição e espaço
arquitetônico. A pirâmide foi o último e, sem qualquer dúvida, o mais grandioso de todos os templos da civilização maia.


6º Lugar: Coliseu de Roma, Itália


Este grandioso anfiteatro foi construído no centro
de Roma no ano 82 d.C. em honra aos legionários
vitoriosos e para celebrar a glória do império
romano. O seu design conceitual mantém a
atualidade até os nossos dias, uma vez que, passados cerca de 2000 anos, praticamente todos os modernos estádios desportivos continuam a ter o cunho inconfundível do design original do Coliseu. É através do cinema e dos livros de História que hoje temos noção das lutas cruéis e dos jogos que tinham lugar nesta arena, para júbilo dos espectadores.


7º Lugar: Taj-Mahal, Agra, India




Este imenso mausoléu foi construído em 1630 d.C. por ordem do Xá Jahan, o quinto imperador mogulmuçulmano, em memória da sua falecida e adorada esposa. Construído em mármore branco e rodeado de maravilhosos e elaborados jardins, o Taj Mahal é considerado uma das mais perfeitas jóias da arte muçulmana na Índia. O imperador acabou por ser preso e, segundo se conta, daí em diante só conseguia ver o Taj Mahal a partir da pequena janela da sua cela.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Capoeira

O PASSADO


Dá-se o nome de Capoeira, a um jogo de destreza que tem as suas origens "remotas" em Angola. Era antes uma forma de luta muito valiosa na defesa da liberdade de fato ou de direito do negro liberto, mas tanto a repressão policial quanto as novas condições sociais fizeram com que, à cerca de cem anos, se tornasse finalmente um jogo, uma vadiação entre amigos. Com esse caráter inocente, a capoeira permanece em todos os estados do Brasil.
Tratava-se de um combate singular em que os "moleques de Sinhá", apenas demonstravam sua capacidade de ataque e defesa sem, contudo, atingir efectivamente os oponentes. Foi durante a escravidão que o jogo de Angola começou a crescer e chegou à maioridade no Brasil.A discussão é interminável: pesquisadores, folcloristas, historiadores e africanistas ainda buscam respostas para a seguinte questão: " A capoeira é uma invenção africana ou brasileira? " Teria sido uma criação do escravo com fome de liberdade ? Ou invenção do indígena? As opiniões tendem para o lado brasileiro, e aqui vão alguns exemplos: no livro "A Arte da Gramática de língua mais usada na Costa do Brasil" do Padre José de Anchieta, editado em 1595, há uma citação de que "os índios Tupi-Guarani, divertiam-se jogando capoeira". Guilherme de Almeida no livro "Música no Brasil", sustenta serem indígenas as raízes da capoeira. O navegador Português Martim Afonso de Sousa, observou tribos jogando capoeira. Como se não bastasse, a palavra "capoeria" ( CAÁPUÉRA ) é um vocábulo Tupi-guarani, que significa "mato ralo" ou "mato que foi cortado".Num trabalho que foi publicado pela XEROX do Brasil, o professor austríaco Gerhard Kubik, antropólogo e membro da associação mundial de folclore e profundo conhecedor de assuntos africanos, diz estranhar " que o brasileiro chame capoeira de Angola, quando ali não existe nada semelhante".Também o estudioso Waldeloir Rego, que escreveu o que foi considerado o melhor trabalho sobre este jogo, defende a tese de que a capoeira foi inventada no Brasil. Brasil Gerson, historiador das ruas do Rio de Janeiro, acha que o jogo nasceu no mercado, quando os escravos chegavam com cesto (capoeira) de aves na cabeça e até serem atendidos, ficavam brincando de lutar, surgindo daí a verdadeira capoeira. Antenor Nascente, diz que a luta da capoeira está ligada à ave Uru (odontophorus capueira-spix), cujo macho é muito ciumento e trava lutas violentas com o rival que ousa entrar em seus domínios (os movimentos da luta se assemelham aos da capoeira). Por fim, Câmara Cascudo, afirma "ter sido trazida pelos banto-congo-angoleses que praticavam danças litúrgicas ao som de instrumentos de percussão" transformando-se em lutas aqui, no Brasil, devido à necessidade de defesa destes negros!Ouviu-se falar de capoeira pela primeira vez, durante as invasões holandesas de 1624, quando os escravos e índios, (as duas primeiras vítimas da colonização), aproveitando-se da confusão gerada, fugiram para as matas. Os negros criaram os Quilombos, entre os quais o mais famoso Palmares, cujo líder foi Zumbi, guerreiro e estrategista invencível diz a lenda, diz ter sido capoeira. Após esta época, houve um período obscuro e no renascimento do século XIX, transformou-se em um fenômeno social, que tomou conta de centros urbanos como o Rio de Janeiro, Salvador e Recife.As maltas de capoeiristas inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro, e se tornavam um problema para os vice-reis. Espalhavam-se pela cidade, acabando com festas, colocando a polícia para correr, tirando a teima dos valentões... defendiam sua precária liberdade, ora empregando apenas agilidade muscular, ora valendo-se de cacetes de facas. Foi então que apareceu o major Vidigal, chefe da polícia do Rio de Janeiro, nos começos do século XX: um diabo de homem que parecia estar em toda a parte com seus granadeiros armados de longos chicotes, protegidos pela distância na qual mantinham os capoeiristas e os podiam ofender a salvo.A literatura de Machado de Assis e a arte de Debret, registravam a presença da capoeira nos costumes da época. Os capoeiristas viviam em "maltas", verdadeiros bandos que recebiam apelidos como "guaiamus" ou "nagôs". As "maltas", tiveram participação ativa em fatos históricos como: a revolta dos mercenários (soldados estrangeiros contratados para a guerra do Paraguai se rebelaram e foram rechaçados pelos capoeiristas), nas escaramuças entre monarquistas e republicanos e até na Proclamação da República. As maltas da Bahia foram desorganizadas por ocasião da guerra do Paraguai: o governo da província, recrutou a força dos capoeiras, que fez seguir para o sul como "voluntários da pátria". Manuel Querino, conta que muitos deles se distinguiram por atos de bravura no campo de batalha. Quando brigavam entre si, o grito de guerra assustava os estanhos ao ramo: "fêcha, fêcha!" significava o início de briga e ai de quem estivesse por perto.Consta que a guarda pessoal de José do Patrocínio e do próprio imperador de D. Pedro I, era formada por capoeiristas. Esse prestígio começou a cair com as leis abolicionistas: sem aptidão de qualquer espécie, uma massa humana disputava mercados de trabalho inexistentes. O jogo corporificou-se como instituição perniciosa e sua extinção passou a ser a palavra de ordem. As maltas converteram-se em grupos poderosos de proteção a negócios escusos e à audácia culminou com Decreto-lei 487, decretado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, em 1890: a partir do dia 11 de outubro, todo o capoeirista pego em flagrante seria desterrado para a Ilha Fernando de Noronha por um período de seis meses.Ainda assim, a capoeira mostrou sua força: ao ser detido um de seus mais temíveis praticantes, o nobre português José Elísio dos Reis ( Juca Reis ), preso por Sampaio Ferraz. O governo republicano sofreu sua primeira crise ministerial. Juca Reis era nada menos do que irmão do Conde de Matosinhos, dono do jornal "O País", o mais ferrenho defensor da causa republicana. Nas páginas do jornal, Quintino Bocaiúva defendeu com unhas e dentes a liberdade de Juca e o governo do Marechal foi obrigado a voltar atrás: ele acabou retornando para Portugal.O mais famoso dos capoeiristas nacionais era natural de Santo Amaro, na zona canavieira da Bahia, e tinha os apelidos de Besouro Venenoso e Mangangá. Era invencível e inigualável. Ainda hoje as chulas da capoeira cantam suas proezas lendárias. A hora final chegou para as maltas do Recife mais ou menos em 1912, coincidindo com o nascimento do Passo do frevo, legado da capoeira.


A RESSURREIÇÃO


O decreto-lei 487, acabou temporariamente com a capoeira. Muitos de seus adeptos permaneceram exilados em São Paulo, no interior, participando de trabalhos forçados.Mestre Bimba, é considerado o pai da capoeira moderna, não só por ter atuado decisivamente na libertação, mas também por ter sido o primeiro a dar-lhe uma didática e ensinar em recinto fechado. Mestre Bimba criou o estilo "Regional". O estilo "Angola" teve em Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, seu mais digno representante.Hoje, a capoeira não é mais privilégio da Bahia ou do Rio de Janeiro, tendo se espalhado por todo o Brasil com grande aceitação. Tornou-se um esporte competitivo, segundo a resolução do conselho Nacional de Desportos, em 1972. No exterior já se praticava em mais de 60 países.A música faz-se notar com grande influência na capoeira. Poucas são as lutas ou muito raras aquelas que tem suas evoluções marciais interligadas aos sons de instrumentos.
A capoeira tem em seu conceito de arte marcial, afinidades que chegam quase a ser uma necessidade musical.Sons de percussão dando um ritmo ao corpo, que com as vibrações sonoras anima-se ao ponto tal estudiosos já aceitam que o som usado na capoeira, provoca reações conscientes e inconscientes de força no capoeira.O capoeira entrega seu corpo e mente àquele som, com grande interpretação psicológica e expressão corporal. Juntos, os dois conseguem na capoeira, um resultado fascinante, onde a musicalidade é parte fundamental no conjunto da luta.A música traz a uma roda de capoeira, muita força psicológica, uma união de todos aqueles que dela participam. Dessa união a força de pensamento interna de cada um traz uma emoção forte e vibrante aquela roda. Em contra partida, uma mesma roda de capoeira sem música ou outro som, não desperta a mesma motivação, deixando seus participantes menos excitados e até mesmo desconcentrados.As letras das músicas, em sua maioria simples, falando dos escravos, das senzalas, da liberdade oprimida... mas se interpretadas com o sentimento que transmitem, muitas delas trazem alguma ou muita emoção a quem canta, e a quem ouve.


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Lago dos Cisnes

Gabriel O Pensador


Era uma vez duas criancinhas Um mundo do faz de conta era onde eles viviam Seus nomes eram José e Maria E verde e amarelo era a bandeira que vestiam Queriam viver com felicidade mas pra isso era preciso saber sempre a verdade Os adultos hipócritas provocavam sua ira Pois quem é puro não gosta de conviver com a mentira Mas Zezinho e Maria eram puros porém sabidos Deixavam tapados um dos lados de seus ouvidos Pra não entrar por aqui e sair por ali O que escutavam e achavam importante refletir E na TV as histórias que os adultos contavam Eles gostavam de ver Mas nem sempre acreditavam Se revoltavam vendo coisas que até cego já viu E resolveram fazer uma lista com...
As maiores mentiras do Brasil Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!) As maiores mentiras do Brasil Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!)
E uma mentira absurda encabeçava o rol: Deus é brasileiro... (Só se for no futebol!) Certas frases conhecidas são mentiras e ninguém nega (por exemplo?) "A justiça é cega!" Quem prega isso é canalha (psh! Não espalha) Porque aqui a justiça tarda... E falha! E o Zezinho gargalha com outra mentira boçal (qual?) "O brasileiro é cordial" aha! Mas que gracinha, imagina se não fosse!Se o brasileiro é amável, Adolf Hitler é um doce Porque a lei de Gérson é o nosso evangelho Todos querem se dar bem e não se respeita nem os velhos Dizem também que o pobre é malandro Mas o povão tá só ralando e quem tá armando são os grandes empresários e empreiteiros Mas até hoje só prenderam o PC e os bicheiros No país da impunidade tudo é contraditório Deixam o resto em liberdade em troca de um simples bode expiatório Que situação patética É real ou ilusório o processo de restauração da ética? Será que é boato? Zezinho e Maria perguntavam E enquanto isso anotavam... Mentira tem perna curta e se desmente facilmente Zezinho estava em frente a uma loura linda e inteligente E tem gente que diz que toda mulher bonita é burra Quem acredita merece uma surra Dizem que o bebê vem da cegonha E que cresce pelo mão se bater uma bronha Mas o pequeno Zé não acreditava E se crescesse ele raspava A lista de mentiras aumentava:Comunista come criancinha, Aids é doença de gay"Mentira!" (seu comunista, bota camisinha!) Mariazinha ficou mocinha e descobriu que era caô Que só existia sexo com amor Aprendeu a falar inglês e viu que não é só filme brasileiro que tem muito palavrão Pois foi no cinema e ouviu tudo o que eles cortam na legenda e na dublagem da televisão Queriam as verdades sem cortes Queria liberdade Queriam independência ou morte Perguntaram ao fantasma de Cabral a história real entre Brasil e Portugal:"Não foi sem querer que descobrimos vosso país Nós portugueses não somos burros como se diz!"Outra piada que não era nada séria era que a seca do Nordeste era a culpada da miséria Desculpa esfarrapada puro blá, blá, blá... Pois se os políticos quisessem eles faziam o sertão virar mar! Tem também a lenda eterna da falta de verbas As moscas mudam mas é sempre a mesma merda...E a lista continua sem parar Com mentiras que o Pinóquio teria vergonha de contar Diziam que o Brasil é o país do futuro Mas eles viram que o melhor era viver o presente Zezinho e Maria decidiram mostrar pra todo mundo que é mentira que o Brasil não vai pra frente! Eram crianças Tinham muita esperança Mas não queriam esperar pois quem espera nunca alcança Acharam nojento todo aquele fingimento E começaram a ficar violentos (O brasileiro tá cansado de ser enganado Daqui pra frente os mentirosos serão enforcados) E começaram assim uma revolução Controlaram todos os meios de comunicação E revelaram sua lista com as milhões de mentiras Que atrasavam a ordem e o progresso da nação Só tinham uma saída pro país Acabar com as mentiras pela raiz E como toda revolução deixa cicatriz O sangue jorrou feito um chafariz Foi uma vitória do povo e no final da conquista Zezinho e Maria puseram fogo na lista das... E ao voltarem pra casa encontraram seu pai emocionado por tudo que eles tinham aprontado Uma nova era tinha começado e não era à toa que os olhos do coroa estavam encharcados Uma lágrima desceu e Zezinho percebeu que descobria mais uma mentira nessa hora... Homem também chora.