Nossa capacidade de ir além dos limites do conhecido é um dos nossos recursos mais preciosos. Sempre que questionamos aquilo que nos é familiar, abrimos as portas para o conhecimento, e podemos captar vislumbres de vastos horizontes. Posicionada na fronteira da curiosidade e da admiração, que nos voltam em direção ao desconhecido e ao inesperado, a mente questionadora se coloca alerta e aberta, receptiva a novos significados. As perguntas que são profundas em significado vibram uma corda sensível em nosso interior que sintoniza nossa mente e sentidos a um campo mais amplo de possibilidades. Estas perguntas são semelhantes às que tínhamos quando crianças, antes de termos aprendido o que podíamos e o que não podíamos perguntar. Embora questionar seja essencialmente um movimento para fora do conhecido, em direção ao território do desconhecido, freqüentemente somos encorajados somente a fazer perguntas para as quais já existem respostas. Quando crianças, fazemos perguntas fundamentais, tais como “De onde eu vim?” “Por que o mundo existe?” “Para onde é que eu vou depois de morrer?”Talvez nossas perguntas despertem prazer mas fiquem sem resposta, ou, quem sabe, as respostas sejam mais confusas do que as perguntas; não satisfeitos, continuamos a perguntar “Por quê?”A que conclusões podemos chegar quando nos defrontamos com uma vaga sensação de incômodo nos adultos à nossa volta, que podem estar, eles mesmos, duvidando das respostas que nos dão? O que sentimos quando a resposta é simplesmente “Porque sim”? No entanto, é possível que mesmo respostas bem pensadas não consigam silenciar nossas indagações. Será que a nossa persistência é algo infantil? Será que nossas perguntas são desprovidas de importância? Com o tempo, a maioria de nós passa a acreditar que as perguntas de maior valor ou importância estão além da nossa pessoa, ou são em última instância impossíveis de serem respondidas. Dizemo-nos que perguntas fundamentais sobre a vida e a morte levantam questões filosóficas, científicas ou religiosas tão complexas que somente profissionais qualificados estão aptos a lidar com elas. As perguntas fundamentais, porém, são basicamente perguntas simples que se volta para questões de importância para todos os seres humanos. Portanto, é extremamente frutífero continuarmos a olhar de perto para estas perguntas, e considerarmos o seu significado para a nossa própria vida. As respostas a perguntas sobre, o lugar de onde viemos quem somos nosso destino, o significado da vida e as causas dos acontecimentos que determinam o rumo da nossa vida, formam o alicerce da nossa existência. Estas respostas constituem as verdades aparentemente auto-evidentes e inquestionáveis que são à base de toda a nossa compreensão. Quantas vezes, porém, consideramos que as conclusões que aceitamos foram tiradas sem uma participação integral da nossa parte? Talvez, há muito tempo, algumas pressuposições básicas tenham sido elaboradas para explicar como os seres humanos vivem e agem no mundo. Diante de um vasto desconhecido, as pessoas criaram pontos de referencia para dar sentido ao seu mundo, e assim encontrar seu lugar e objetivo dentre todas as coisas que existiam. O que determinou a direção tomada pela consciência dessas pessoas? O que teria acontecido se outros pontos de referencia tivessem servido de base para estas primeiras conclusões? Será que nos veríamos de forma diferente? Ou o nosso mundo As experiências humanas seriam de outra natureza se nossa compreensão de nós mesmos fosse diferente? Que valor tem estas perguntas? Assim que aprendemos as convenções básicas que configuram a nossa realidade familiar, sentimos que “sabemos como as coisas são”; uma vez adotada esta pressuposição, geralmente não vamos muito além em nossas investigações. Ao aceitar respostas provisórias como conclusivas, fechamo-nos para a possibilidade de um conhecimento mais profundo. Aprisionamo-nos dentro de um vasto mundo desconhecido, que sequer sabemos que é desconhecido. Paradoxalmente, ele permanecerá desconhecido enquanto nós já o “conhecemos”. Para começar a conhecer algo novo, precisamos primeiro, perceber que há algo que não conhecemos. Como indivíduos, podemos questionar tudo o que quisermos. Se começarmos a pressupor que todas as perguntas mais importantes já foram respondidas ou não podem ser respondidas, perderemos o interesse em abrir nossas próprias investigações. No entanto, o que efetivamente sabemos que não nos tenha sido ensinado por uma outra pessoas? Ou que não dependa de algum modo, daquilo que aceitamos como sendo verdade? Não seria preferível basear nossa vida em nosso próprio conhecimento? Construir uma base própria para o nosso conhecimento nos convida a ingressar no desconhecido, e começar um processo de investigação que tem um potencial infinito de expansão. Porem, ao olharmos para o mundo do desconhecido, podemos pressentir uma vaga ansiedade que nos deixa hesitantes em olhar mais de perto. Vamos, talvez, preferir o terreno firme do conhecido e familiar. Entretanto, como podemos saber se o terreno sobre o qual estamos pisando é realmente firme, se não o investigamos? Talvez, se estivermos dispostos a indagar, possamos encontrar o caminho para um novo entendimento, capaz de nos proporcionar uma segurança mais duradoura. A história da humanidade e a nossa experiência individual nos ensinam que a fronteira entre o conhecido e o desconhecido pode se deslocar, dependendo, em parte, do grau de proximidade com que olhamos e do grau de profundidade com que questionamos. Uma pergunta para a qual uma outra pessoa tenha uma resposta pode ser capaz de nos levar a uma nova perspectiva, que reformularia o nosso conhecimento familiar. Certos aspectos do mundo conhecido e das nossas experiências comuns, quando examinados de perto, podem abrir novos mundos surpreendentes para a nossa investigação. As perguntas que são realmente vitais parecem ter muitos níveis de respostas, cada qual com sua possibilidade de ampliar o nosso conhecimento. A chave para as descobertas está em não aceitar nenhuma r resposta como definitiva; dentro de tudo aquilo que conhecemos, muitas possibilidades novas esperam para serem descobertas. Como crianças, podemos continuar perguntando mais um “por quê”. A possibilidade de indagar abertamente é à base de todas as nossas liberdades. Estamos acostumados a fazer indagações a respeito das outras pessoas; mas por que não começamos a fazer indagações a nosso próprio respeito? As perguntas que nos fazemos possuem uma qualidade evocativa que chama por respostas; aquelas que parecem ser mais irrespondíveis são as que mantêm os portões da mente abertos por mais tempo. Nessa abertura, podemos encontrar novas compreensões acerca do significado de sermos humanos. Ao nos protegermos de dogmas, de suposições limitadoras e de idéias antiquadas de todos os tipos, chegamos mais perto da compreensão da liberdade de uma mente humana plenamente desperta.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
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